Na primeira metade da década de 90, mais precisamente em meados de 1994, Eu estava fazendo faculdade de Música na UCSal e decidi comprar um violão de verdade como incentivo aos estudos da música erudita. Daí, o querido amigo, Prof. Hélio Rabello, convidou-me a conhecer um violão de um Luthier chamado Laurentino.
Na época, eu que só conhecia o Di Giorgio "Autor 3" de meu pai e um Talent II também da Di Giorgio. Por não ter conhecimento técnico sobre violão à época, achei o instrumento caro e terminei optando por comprar um violão Yamaha C-30 que tinha entrado no mercado.
Com o tempo e o conhecimento adquirido constatei que o provérbio popular tem razão, ou seja, "se arrependimento matasse" eu não estaria aqui hoje pra compartilhar esta história.
Isso mesmo, comprei o violão Yamaha pensando que era grande coisa por ser importado, mas... ledo engano... Hoje eu tenho a consciência da bobagem que fiz.
Desde então fiquei na mente a ideia de comprar um violão Laurentino. Certa feita vi um anúncio de um cara que vendia um violão deste no bairro da Graça, aqui em Salvador-Ba. Estive lá, olhei, me encantei pelo instrumento, mas, enquanto eu me capitalizava, alguém chegou primeiro...
Foi apenas no final de 2015 que terminei adquirindo este violão. Um exemplar de outubro de 1993, todo em madeira maciça.
O mesmo foi confeccionado com fundo, laterais e cavalete em jacarandá da Bahia, tampo de pinho (abeto), braço de mogno com escala e espelho em Jacarandá da Bahia, com tarraxas douradas importadas e leque harmônico tradicional (estilo Torres).
As dimensões são menores que o violão clássico, seguindo o padrão dos antigos violões Giannini da metade do século passado.
O acabamento é muito bom, apesar do tampo ter uma variação na coloração, em face do corante utilizado para pigmentar o verniz (P.U).
Por se tratar de um violão da primeira metade da década de 90, o mesmo já está com as madeiras bastante maturadas, tendo uma sonoridade fantástica, com um brilho doce e um som romântico e macio, com excelente definição de graves e agudos.
Trata-se de um excelente violão que não consegui comprar na década de 90, mas, hoje, mais de vinte anos depois, pude adquiri-lo. Valeu à pena esperar tanto para adquiri-lo. Ah, o melhor é saber que a sabedoria do provérbio popular tem sempre razão, pois "o que é do homem, o bicho não come".
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¹ Clever Jatobá foi músico e cantor profissional, violonista formado em Música pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), proprietário de uma infinita e diversificada coleção de CDS, de LPs, K7, DVDs, além de colecionador de instrumentos musicais, estudioso na arte da luteria de violões.