CD Antológico

A discografia da Música Popular Brasileira talvez seja a mais rica e seleta do mundo. Não apenas pela qualidade e talento dos cantores, músicos e compositores brasileiros, mas pela diversidade de estilos musicais que a brasilidade conseguiu promover diante deste verdadeiro celeiro musical que é o BRASIL.
 
Apesar da infinita variedade de estios musicais que são produzidos do Oiapoque ao Chuí, a Música Popular Brasileira, à partir do século XX, conseguiu alavancar a produção fonográfica garantindo infinito sucesso de canções que se tornaram imortalizadas em interpretações gravadas em Compactos, LPs, K7 e CDs.


Inicialmente eram gravados compactos com apenas 4 faixas no pequeno disco de vinil (compact-disc), que eram trabalhadas nas rádios para que, aos poucos, o repertório fosse sendo definido a ponto de dar origem ao LP e sua edição em K7.
 
Ocorre, porém, que com a pressão das grandes gravadoras multinacionais, tornou-se imposição do Mercado Fonográfico a gravação de um disco por ano, fato que impôs aos artistas a obrigação de compor e de tentar emplacar sucessos que precisariam ser renovados anualmente.
 
Desde então, as gravadoras definiam a chamada "música de trabalho", ou seja, aquela música que seria executada nas rádios e em programas de TV para conquistar o público.

Neste contexto terminaram surgindo vários artistas de uma música só. Isso mesmo. Aquele artista que estourou uma única canção e que terminou sumindo do mercado.

Com a necessidade de lançar um disco por ano para alimentar os lucros das gravadoras e fomentar o mercado fonográfico, a seleção de repertório passou a focar na escolha da música de trabalho, já que se tornou indispensável emplacar um sucesso por ano para vender os discos.

Assim, apesar dos discos terem no mínimo 10 faixas, apenas uma música precisava ser boa o bastante para que tivesse êxito na vendagem.

Levando-se em conta que o disco que tem uma única música que agrade é considerado BOM, vale à pena classificar os discos com mais de uma música boa.

Assim, sustento a tese de que o CD com 2 músicas boas é ÓTIMO, entre 3 ou 4 músicas boas é um disco EXCELENTE e a partir de 5 músicas boas ele se torna ANTOLÓGICO.

Numa primeira reflexão sobre esta tese, pode parecer-lhe absurdo. Mas posso asseverar que faz total sentido e lhe garanto que se você fizer um teste com diversos artistas você irá constatar que temos milhares de artistas de discos bons, alguns com ótimos e até excelentes discos, mas pouquíssimos com obras antológicas que vão permanecer na memória da Música Popular Brasileira por longos anos.

Para que não paire dúvidas e remeta-nos a compreensão equivocada desta tese, vale sinalizar que no cômputo desta reflexão não cabe as regravações que o artista faz da sua própria obra, pois devemos levar em conta apenas as canções inéditas. 

É difícil analisar de forma fria e nos afastarmos da paixão ou emoção que sentimos por alguns artistas, porém, a análise apurada da discografia dos grandes artistas pode atestar que nossa reflexão é apropriada diante da realidade musical.

Assim, feita esta reflexão, doravante vamos ter no Blog GOSTO MUSICAL uma coluna chamada CD ANTOLÓGICO, onde apresentaremos - para o nosso gosto musical - obras que deveriam ser imortalizadas diante das páginas da MPB.
 

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