terça-feira, 20 de junho de 2023

O FORROZINHO DO JATOBÁ

A irreverência do Forró!

O Forró é um estilo musical marcado por características muito específicas que fotografam a essência da cultura nordestina. Desde a diversidade de ritmos que são compassados pela harmonia musical da sanfona, zabumba e do triângulo, até as letras que denunciam a seca e as mazelas que o povo nordestino sofre pelo descaso político dos dirigentes do nosso país, até refletir diante do sertão a saga de um povo sofrido, mas, guerreiro, que nunca desiste e se faz um povo feliz. 

Esta felicidade, a propósito, retrata com lirismo o romantismo em canções que são verdadeiras pérolas do amor romântico.

Inquestionavelmente, o maior ícone do estilo foi, sem dúvida alguma, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, o velho Lua, que em parceria com Humberto Teixeira compôs algumas das mais belas páginas do cancioneiro popular nordestino, passeando por todas as temáticas que deram ao forró um colorido próprio das festas juninas.

A riqueza e diversidade do cancioneiro popular fez com que o forró projetasse diante da beleza das canções centenas de artistas e imortalizasse ao longo das décadas nomes como o de Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Dominguinhos, Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Fagner, Flávio José, Nando Cordel, Virgílio, entre muitos outros.

Por outro lado, também integra o DNA do forró a irreverência e descontração do nosso povo, que com cânticos engraçados, de rimas inusitadas e estórias pitorescas faziam a alegria de todos. Neste rol de canções eclodiram na década de 80 as músicas de duplo sentido, que fizeram o sucesso de nomes como Genival Lacerda, Sandro Becker, Clemilda, Zé Duarte e tantos outros.


Deste estilo, músicas como "Talco no salão" (Forró cheiroso), "Não fure Quinho, não" (Briga no casamento), "Tico mia" (O gato, Tico), "Julieta", "Prenda o Tadeu", "Coitadinha da Tonheta", etc., fizeram a descontração e alegria do nosso povo.

Em outra fase, já na década de 90, foi a vez do Mastruz com Leite dar um novo toque à irreverência e descontração do forró com canções como "Amor a três", "Só se casar" e "Cabeça de bobs x barriga crescida", "Pneu furado" e "Moto Taxi" entre tantos outro sucessos.

Nos anos 2000 foi a vez de bandas como Arriba a Saia emplacar com o sucesso de "Libere o Toim que eu te dou dez conto" e o Forrozão do Cacá tomar o cenário musical com "Vá pra casa sua cachorra", "Capou de Fusca" e "Furando o couro".


De fato a música de duplo sentido reflete a irreverência e alegria do nordestino e, porque não dizer, do povo brasileiro, de modo que tal estilo transcendeu ao forró e alcançou o pagode, o axé e outros tantos estilos.

Quem não se lembra de Raul Seixas cantando o "Rock das Aranhas" e dizendo "vem cá, mulher, deixe de manha, a minha cobra quer comer sua aranha"; ou o Raça Pura contando que "o pinto do meu pai fugiu com a galinha da vizinha", ou o Gabriel, o Pensador, contar o "2,3,4,5,6,7,8, tá na hora de molhar o biscoito". Como não lembrar do É o Tchan emplacando diversos sucessos dentre os quais eles cantavam que "ela faz a cobra subir, a cobra subir, a cobra subir", ou até o "Melô do Picolé" da banda Feras Potentes que anunciava "vem chupar que tá durinho, vem chupar que é bom, vem, que tá geladinho".

Estes são apenas algumas das centenas de canções que nos fazem sorrir de forma sutil com expressões que, via de regra, seriam um tabu ainda a se cultuar. Este é o cenário das canções de duplo sentido.

Pois bem, então quem sabe se não está na hora de resgatar a criatividade das canções de duplo sentido? Ah... mas hoje em dia ninguém toca essas músicas. Claro! Compor músicas de duplo sentido não é uma tarefa fácil, ao contrário, é difícil brincar e descontrair sem ser vulgar e ofensivo com a malícia das expressões de duplo sentido.

Pois bem, esse foi o desafio: resgatar a sátira, a malícia e a irreverência das músicas de duplo sentido dos forrós das antigas, numa perspectiva musical atual dando um passeio do forró tradicional ao moderno.

Inicialmente lançamos no CD "Clever Jatobá - O Chamego do Forró!" (2019) duas faixas: "O curioso" e "O Pãozinho", mas era muito pouco, daí arregaçamos as mangas para compor outras faixas.

O resultado do trabalho pode ser apreciado no CD "O Forrozinho do Jatobá" que traz sucessos como "O Cozinheiro", "Umbu azedo" (Part. Especial Forrozão do Cacá), "Vem e me ataca", "Poupança" e "Álcool na mão", além de outras músicas que ajudam a compor o repertório deste disco.

O Cd promove o resgate à malícia do forró de duplo sentido preservando a irreverência do estilo sem ser vulgar ou ofensivo, garantindo, assim, o entretenimento e a descontração de quem gosta de dar boas risadas. Assim, convido a todos a escutar as nossas canções e se divertir com o FORROZINHO DO JATOBÁ.

Espero que gostem!

Abraço a todos,

Clever Jatobá.

CD Forrozinho do Jatobá (2021)

 Queridos Amigos,


Ao lançar o disco "Clever Jatobá - O Chamego do Forró!" percebi que as músicas "O Pãozinho" e "O Curioso" tiveram uma aceitação especial do público.

Eram as duas músicas mais irreverentes do disco, no estilo "forró malícia", a primeira alertando que "se não aguenta vara, peça cacetinho" e a segunda alertando que "só vou botar a cabecinha".

Diante do sucesso que essas músicas fizeram tomei coragem de gravar outras composições minhas de duplo sentido e, empolgado com a ideia, concebi o projeto do "Forrozinho do Jatobá" lançado em 30.04.2021.

No disco do Forrozinho do Jatobá colocamos o estilo forró malícia em evidência através de 5 (cinco) das minhas composições, são elas as músicas: "Vem e me ataca", "Álcool na mão", "Umbu Azedo", "O cozinheiro" e "Poupança".

Nesse viés do duplo sentido merecem especial destaque o xote "Álcool na mão", que promove uma reflexão bem contemporânea acerca d pandemia do covid-19 e "Umbu Azedo", que contou com a participação especial do Forrozão do Cacá.

Outrossim, o disco trouxe cinco regravações: 

Além dos clássicos "A natureza das coisas" de Accioly Neto e "Que saudade do teu cheiro", sucesso do Cacau com Leite, da lavra do Ari PB, o CD contou também com o arrastapé "Amor Antigo", parceria de Augusto Jatobá com Tonton Flores, além do pout-pourri de xote composto por "Trilhas e Recados" (de Armando Castro) e pela nova versão de "É ter você" (de Clever Jatobá).

Ainda consta no repertório a inusitada "Bom como um corno", de Augusto Jatobá, além das inéditas "Uma selfie", "Bachata da Saudade (Pura saudade)" e "Quero Encontrar", ambas composições de Clever Jatobá.

O disco apresenta de forma divertida e irreverente a mais plena diversidade do universo do forró, passeando pelos vários ritmos que embalam os festejos nordestinos.

Convido a todos a escutar o disco do Forrozinho do Jatobá que está disponível nas principais plataformas digitais de música, tais como DeezerSpotifyApple MusicGoogle Play e SoundCloudYouTube Music, entre outras.

Um abraço,

Clever Jatobá.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

O CURIOSO - De Clever Jatobá

Olá meus amigos,

Vocês conhecem o forrozinho "O curioso"?

Trata-se de um forró malícia - gênero difundido por ícones como Sandro Becker, Genival Lacerda, Clemilda - no rítmo dos sucessos do Mastruz Com Leite, que nos fisga como chiclete.

Conta o Clever Jatobá que, certo dia, recepcionando uns amigos em casa, foi surpreendido com uma vizinha que da janela da sua casa, de forma grosseira e até deslegantemente mal-educada, esbravejava com palavras de baixo calão contra a música e algazarra da sua recepção festiva.

Apesar de ser uma confraternização vespertina e no final de semana, ao invés de rebatê-la cheio de razão e com a mesma deselegância, de forma educada, decidiu sutilmente responder a vizinha com um singelo pedido de desculpas e fechar a varanda para evitar incomodá-la.

Daí aproximando o rosto da sacada da varanda para se desculpar, foi repreendido por sua, então companheira da época, que retruncava:

- Ele dá ousadia! É por isso que a vizinha falou nesses termos! Eu já vi Ele de frete com essa vizinha... Eu fico só de olho. Está quase se pendurando na varanda da vizinha!

Na ingênua inocência, o Clever Jatobá lhe respondeu:

- Oxente, minha filha, que é isso?! Eu só ia botar a cabecinha na varanda da vizinha para pedir desculpas.

Daí veio o insigth: "só vou botar a cabecinha"... onde ?! "na brecha da varanda, na sacada da vizinha".

Foi aí que surgiu o hit, O Curioso.

Após compor esse forrozinho, ligou para Déa Lessa e a convidou para cantar com ele esse forró.

Em seguida, fez o arranjo de base e correu para o estúdio para gravá-la com o sanfoneiro Eugênio Cerqueira.

Foi assim que esse "forró malícia" surgiu. Vale à pena conferir!

segunda-feira, 6 de maio de 2019

CLEVER JATOBÁ - O CHAMEGO DO FORRÓ!

Prezados Amigos,

Encerrei minha carreira profissional na música em 2005. Lá se passaram mais de dez anos...

Troquei a música por uma outra paixão: o Direito. 

Troquei os palcos pela sala de aula, os shows pelas palestras, os versos pelas petições, e os Cds pelos Livros ao encarar a advocacia e a docência no mundo jurídico.

Após o último show que fiz com a minha antiga banda, em Cachoeira-Ba (2004), uma amiga me indagou: "você tem certeza que vai abandonar a música?" na verdade, na época eu não tinha certeza de nada. Minhas convicções eram apenas no sentido de que eu precisava oxigenar minhas ideias por novos ares.

Confesso que fique apreensivo por começar do zero e temeroso de sentir falta do aplauso do público, que, a propósito, alimenta qualquer artista.

Pois bem, concluí o curso de Direito em 2007 com uma fome insaciável de saber. Estudei tanto que no mesmo semestre em que me formei, comecei a Advogar e em menos de um mês de formado estava Eu em sala de aula lecionando e compartilhando com meus alunos o conteúdo que adquiri na graduação e em minhas vastas horas de estudos.

Pedia a Deus que não me deixasse esmorecer pela falta dos palcos. Foi quando parei em sala de aula. O  curioso é que após a minha primeira aula, os alunos aplaudiram de pé. Pensei comigo, obrigado Senhor Deus por me legar os aplausos do público, mesmo diante de novos palcos.

No momento inicial, abandonei a música por completo. Parei de tocar, de cantar e até de escutar música, pois sequer ia a shows ou espetáculos musicais. Afastei-me dos amigos e do ambiente musical por completo. Encarei a Advocacia e a docência como um novo projeto pessoal de vida, seguindo para frente sem olhar pra trás.

Hoje, já sedimentado na Advocacia e reconhecido na docência, me destaquei como palestrante e dediquei minha criação intelectual para as letras jurídicas, integrando o rol de autores de algumas obras jurídicas. 

Após este tempo todo, fiz uma descoberta: afastei-me da música, mas ela nunca se afastou de mim. Digo isso, pois depois de alguns anos sem tocar, ou sequer ouvir música, resgatei meus violões que há muito estavam guardados, tirei-lhes a poeira, troquei as cordas e voltei a tocar, a cantar e o principal, aos poucos, voltei a compor. Quando dei por mim, percebi que compus muitas canções nos últimos anos.

Mas, de que vale uma boa música se ela não for ouvida e cantada? Pra que servem as canções, senão para acarinhar a alma e acalentar os corações, gerar polêmicas e reflexões, ou fazer dançar e entreter o nosso povo sofrido. 

Reza a lenda que certa vez Pablo Neruda perguntou a Vinícius de Moraes porque ele não escrevia livros com seus poemas e estórias. Vinícius então teria lhe respondido que o nosso povo é muito frenético e descuidado com a leitura, por isso ele fazia dos seus versos as canções que poderiam chegar a um número maior de corações.

Pois é... percebi que tenho tantas canções que precisaria grava-las para oportunizar as pessoas a conhece-las e cantá-las. Quem sabe, assim, poderia - como Vinícius de Moraes - dar asas às canções e chegar a um número maior de corações.

Pois bem, decidi gravar minhas composições e, após quase cinco anos de gravações, eis que o disco ficou pronto. Assim, venho compartilhar com vocês a felicidade de trazer ao público o novo CD: Clever Jatobá - O Chamego do Forró!

O novo disco tem 12 faixas que passeiam desde o "oxent music", com canções como "Meu grande amor" (de: Clever Jatobá e Armando Alexandre) e "Nas asas do sabiá" (de: Clever Jatobá), aos xotes "Nas Margens do São Francisco" e "Baratinha Mitológica" (de: Clever Jatobá), tendo as releituras de "Matança", "Pés de Milho" e "Buraco Fundo" (de: Augusto Jatobá), "Sonhos" (de: Dalmar Caribé) e da canção "Príncipe Kal-El" (Papaizinho), que fiz para meu filho, Kal-El, e "Siricotico", que compus com meu filho Rodrigo Zidane.

O repertório tem 2 canções de duplo sentido "O Pãozinho" e "O Curioso" (de: Clever Jatobá), além da regravação de "Bailão Country" (de: Clever Jatobá), sendo que, desta vez, em ritmo de arrasta-pé. 

O disco está disponível nas principais plataformas de streaming, tais como Deezer, Spotify, Apple Music, Google Play, Sound Cloud e YouTube Music, entre outras.

Para quem prefere a mídia física, o disco está disponível em CD, comercializado pelo preço módico de R$10,00. 

Espero que vocês gostem.

Um abraço a todos,

Clever Jatobá.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

VIOLÃO AMIGO: LUTHIER LAURENTINO 1993

Uma obra do destino...
O que é do homem o bicho não come.
Por: Clever Jatobá¹

Na primeira metade da década de 90, mais precisamente em meados de 1994, Eu estava fazendo faculdade de Música na UCSal e decidi comprar um violão de verdade como incentivo aos estudos da música erudita. Daí, o querido amigo, Prof. Hélio Rabello, convidou-me a conhecer um violão de um Luthier chamado Laurentino.

Na época, eu que só conhecia o Di Giorgio "Autor 3" de meu pai e um Talent II também da Di Giorgio. Por não ter conhecimento técnico sobre violão à época, achei o instrumento caro e terminei optando por comprar um violão Yamaha C-30 que tinha entrado no mercado.

Com o tempo e o conhecimento adquirido constatei que o provérbio popular tem razão, ou seja, "se arrependimento matasse" eu não estaria aqui hoje pra compartilhar esta história.

Isso mesmo, comprei o violão Yamaha pensando que era grande coisa por ser importado, mas... ledo engano... Hoje eu tenho a consciência da bobagem que fiz.

Desde então fiquei na mente a ideia de comprar um violão Laurentino. Certa feita vi um anúncio de um cara que vendia um violão deste no bairro da Graça, aqui em Salvador-Ba. Estive lá, olhei, me encantei pelo instrumento, mas, enquanto eu me capitalizava, alguém chegou primeiro...

Foi apenas no final de 2015 que terminei adquirindo este violão. Um exemplar de outubro de 1993, todo em madeira maciça.

O mesmo foi confeccionado com fundo, laterais e cavalete em jacarandá da Bahia, tampo de pinho (abeto), braço de mogno com escala e espelho em Jacarandá da Bahia, com tarraxas douradas importadas e leque harmônico tradicional (estilo Torres).

As dimensões são menores que o violão clássico, seguindo o padrão dos antigos violões Giannini da metade do século passado.

O acabamento é muito bom, apesar do tampo ter uma variação na coloração, em face do corante utilizado para pigmentar o verniz (P.U).

Por se tratar de um violão da primeira metade da década de 90, o mesmo já está com as madeiras bastante maturadas, tendo uma sonoridade fantástica, com um brilho doce e um som romântico e macio, com excelente definição de graves e agudos.

Trata-se de um excelente violão que não consegui comprar na década de 90, mas, hoje, mais de vinte anos depois, pude adquiri-lo. Valeu à pena esperar tanto para adquiri-lo. Ah, o melhor é saber que a sabedoria do provérbio popular tem sempre razão, pois "o que é do homem, o bicho não come".


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¹ Clever Jatobá foi músico e cantor profissional, violonista formado em Música pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), proprietário de uma infinita e diversificada coleção de CDS, de LPs, K7, DVDs, além de colecionador de instrumentos musicais, estudioso na arte da luteria de violões.

domingo, 22 de maio de 2016

VIOÃO AMIGO: SMALLMAN TYPE

Violão do Luthier Edson Valêncio:
Greg Smallman fazendo escola de Luteria Moderna

Por: Clever Jatobá¹

Antônio de Torres Jurado
Como comentamos anteriormente em outra postagem, no âmbito dos violões, a escola de liuteria foi mundialmente influenciada pelo Luthier Espanhol Antonio de Torres Jurado, que em meados do século XIX definiu as dimensões atuais do instrumento e adotou um leque harmônico na parte interna do tampo frontal da guitarra espanhola, garantindo solidez à estrutura e viabilizando melhor distribuição da vibração sonora do instrumento.

Apesar de algumas adaptações, desde então os violões por todo o mundo passaram a ser confeccionado utilizando a estrutura tradicional dos violões clássicos de Torres.

Ao bem da verdade, muitos luthiers surgiram produzindo instrumentos maravilhosos, porém, a essência continuava nos modelos tradicionais.


Greg Smallman
Alguns luthiers buscaram inovar no leque harmônico, ou até no tampo dos violões, porém as mudanças não tomaram grande projeção no universo da luteria mundial, até que o luthier australiano, Greg Smallman repaginou a confecção do violão modificando por completo sua estrutura interna e a forma de construção, dando novas perspectivas ao violão moderno.

Adquirir um violão Greg Smallman daqui do Brasil é algo difícil e inviável, não apenas pela dificuldade de acesso e contato com este luthier, como também em face da realidade econômica brasileira de absurda submissão cambial diante da moeda estrangeira (dólar e euro), que faz com que o custo destes violões seja algo absurdo.



A maioria dos luthiers brasileiros utilizam as técnicas clássicas próprias dos violões Torres ou Hauser, são pouquíssimos luthiers nacionais que conhecem e utilizam as técnica do Smallman. No universo da luteria brasileira, o luthier que se destaca com a utilização das técnicas do Smallman e o paulista Edson Valêncio, que constrói os instrumentos por encomenda.


Assim, decidi encomendar um violão Smallman Type com o Edson Valêncio, qual o confeccionou num prazo de aproximadamente 40 dias no período de novembro a dezembro de 2015, enviando o mesmo em Janeiro de 2016.

O violão foi confeccionado com braço ajustável (adjustable neck)em cedro com escala em ébano africano; cavalete em jacarandá e arm rest em ébano africano; tampo em cedro canadense; corpo de fundo curvo (curved back) e laterais mais largas, com o sistema cold molded, em Ocotea x epóxi; com estrutura interna do tampo de treliças internas e fibra de carbono (lattice bracing) e barras fixas de apoio ao tampo.

A estrutura interna seguiu o padrão Smallman com a estrutura própria de reforço do tampo em substituição às barras de sustentação do fundo qual, a propósito é meio abaulado. 

O violão é super bem acabado e muito bonito. Como esperado - em face da sua estrutura interna - o violão é mais pesado que os tradicionais, mas nada que seja incômodo.

O Arm rest para apoio do braço permite maior conforto e tocabilidade, bem como preserva a melhor vibração do tampo, já que o braço direito não será apoiado no tampo abafando sua vibração.

Acompanhei em alguns fóruns de violão os debates entre vários músicos e luthiers sobre violões diversos e sobre o modelo Smallman, onde todos falam sobre a projeção e volume do som destes modelos, assim, despertou minha curiosidade e me fez buscar adquirir e conhecer o violão.

No que tange à sonoridade, o mesmo tem um som meio metálico, mas bem definido, tendendo pro médio e agudo, mas sem perder os graves, que apesar de não serem destacados, haja vista sua característica peculiar é a sonoridade metálica e aguda que tem uma boa definição e brilho. 

No que tange ao volume e projeção do som, o mesmo está longe de ter a grande projeção sonora de um Greg Smallman, porém, por ser um violão novo o som ainda não chegou ao ponto, precisa maturar com o passar do tempo. Talvez se o mesmo fosse confeccionado em Jacarandá da Bahia o volume da sua sonoridade fosse maior.



Bem, quem conhece instrumento musical sabe que as madeiras demoram um tempo para maturar a sonoridade do instrumento, pois precisam se ajustar ao corpo do instrumento e adequar-se à vibração diante da sua utilização, bem como amoldasse ao clima local, fatores que invariavelmente interferem na sonoridade do violão. Pois bem, assim, com o tempo é que o som irá abrindo até chegar no ponto.

O que me chamou a atenção foi o fato do braço não ser colado no tampo e na lateral como tradicionalmente, pois nestes modelos o braço é montado e afixado de forma que permite sua regulagem de acordo com o gosto do músico.

Bem, esteticamente é um excelente violão. Acabamento impecável. A tocabilidade também é excelente. Agora, basta aguardar a sonoridade chegar ao ponto.



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¹ Clever Jatobá foi músico e cantor profissional, violonista formado em Música pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), proprietário de uma infinita e diversificada coleção de CDS, de LPs, K7, DVDs, além de colecionador de instrumentos musicais e estudioso sobre a arte da luteria de violões.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

VIOLÃO AMIGO: GREG SMALLMAN

Do Violão clássico ao Moderno
Um breve escorço histórico sobre o violão
Por: Clever Jatobá¹

O violão (guitarra) é hoje em dia o instrumento musical mais popular do mercado mundial da música.

Sua origem, ao certo, não se pode definir, porém, por dedução lógica, bem como diante de registros em pinturas, normalmente se remete à sua descendência de três famílias, a da cítara romana, a harpa egípcia e do alaúde árabe, levado pelos muçulmanos para a península Ibérica onde o mesmo adaptou-se muito bem às atividades da corte.

Vihuela
Há pesquisadores que atestam a existência de um instrumento similar ao violão ao período de 1900 a.C. na Babilônia.

Não obstante a tudo isso, imperioso reconhecer que foi na Espanha que a antiga vihuela foi tomando formato mais aberto, mais largo, até receber o toque principal do luthier, Antônio de Torres Jurado (1817 - 1892), tomando, assim, a feição e dimensões do violão que atualmente conhecemos.

Antônio de Torres Jurado, foi carpinteiro espanhol do século XIX, que por tocar e compor para violão, terminou aprendendo a consertar instrumentos com o artesão espanhol, José Pernas, no período de 1836 a 1842 passando a confeccionar suas próprias guitarras à partir de 1850.
  
Don Torres
Além da feição mais larga (em comparação com cinturada vihuela), a maior contribuição de Torres para o violão contemporâneo foi a sua estrutura interna, com a criação do leque harmônico e as varas de sustentação, mantendo o formato atual, mas garantindo solidez à estrutura e viabilizando melhor distribuição da vibração sonora do instrumento e valoriza a melhor propagação do som.

Com a caixa acústica mais larga e a distribuição do leque harmônico, a projeção sonora das guitarras de Torres se popularizaram diante do talento do violonista Francisco de Tárrega (1852 - 1909).

Diante da nova estrutura interna da guitarra clássica espanhola, o leque harmônico passou a ser essencial à confecção destes instrumentos. 

No século XX, o luthier alemão Hermann Hauser (1882 - 1952), seguiu a ideia original do leque harmônico e as barras de sustentação de Torres, entretanto promoveu ajustes, fazendo leves variações na distribuição do leque harmônico.

A influência destes mestres da luteria foi tão grande que o mundo passou a adotar a estrutura interna propostas por estes dois gênios, com a utilização das barras de sustentação e o mesmo padrão de leque harmônico para o violão clássico.

Com o passar dos tempos, alguns luthiers começaram a inovar, fazendo testes e modificações na estrutura interna do violão, tentando dar novas dimensões e formatos ao tradicional leque harmônico quais chegaram até a se popularizar diante dos violões folk e de cordas de aço.

Outros luthiers tentaram inovar com propostas diferenciadas de leque harmônico, não obstante a isso, nos violões clássicos o leque tradicional continuou prevalecendo, sendo adotado até os dias atuais em todo o mundo, principalmente nos instrumentos fabricados em série das marcas mais famosas às mais modestas.

Greg Smallman
À partir da década de 70 do século XX, o luthier australiano, Greg Smallman começou a trabalhar projetos inovadores na construção do violão, mantendo a estética exterior, porém, alterando integralmente sua estrutura interna e montagem.

O Greg Smallman tirou do fundo do violão as barras de sustentação e projetou uma nova estrutura de sustentação que ampara o tampo, abolindo o tradicional leque harmônico, criando treliças harmônicas fixadas usando balsas, epóxi e fibra de carbono, numa estrutura rígida e pesada que mantém a sustentação do violão, promovendo uma sonoridade mais metálica, mas de grande projeção sonora.


Estrutura Greg Smallman
O violão mantem sua estética, porém sua estrutura interna é radicalmente modernizada, buscando alcançar uma maior projeção sonora. Com essa nova estrutura, o violão fica mais pesado que os violões tradicionais, tendo uma sonoridade específica.

Outra novidade é que o braço deixa de ser colado ao corpo e sobreposto ao tampo do violão, para ser apenas encaixado e ajustado de acordo com a necessidade do músico e altura das coradas, alinhadas pelo rastilho do cavalete.

O fundo do violão, além de não ter as barras de sustentação interna, tem um formato meio abaulado.

Bem, trata-se de uma inovação radical, que modifica por completo a confecção do violão tradicional, qual tem sido utilizado nas últimas décadas pelo renomado violonista e concertista australiano, John Williams, para quem o Smallman tem confeccionado vários instrumentos.


John Williams - Concierto de Aranjuez
Violão Greg Smallman


A modernidade da confecção dos violões Smallman's não é uma unanimidade. Muitos questionam a sua sonoridade e peso, mesmo em face da alta projeção sonora. Porém, não se pode negar que a técnica inovadora oferece uma outra perspectiva para a luteria. 


Uma coisa é certa, é que o fato do mundialmente conhecido violonista e concertista John Williams ter trocado o violão Fleta pelo Smallman tem uma repercussão mundial no cenário mundial do violão e dos concertos.


O Greg Smallman não patenteou seu projeto e ainda compartilhou informações permitindo que fosse copiada por outros luthiers pelo mundo à fora. 

No Brasil, a técnica não é muito difundida, mas alguns luthiers já confeccionam violão adotando sua estrutura, porém, o luthier que mais se destacou com a confecção destes instrumentos foi o paulista Edson Valencio, que em respeito ao criador da técnica, batizou esta produção com o nome de "Smallman Type".



Apesar da técnica de confecção dos violões do Greg Smallman não ter sido patenteada e estar sendo copiada pelo mundo à fora, ainda nenhum luthier conseguiu se aproximar da sonoridade e projeção sonora dos violões deste gênio da luteria australiana.

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¹ Clever Jatobá foi músico e cantor profissional, violonista formado em Música pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), proprietário de uma infinita e diversificada coleção de CDS, de LPs, K7, DVDs, além de colecionador de instrumentos musicais e estudioso sobre luteria.

Leitura Complementar:
http://violaosambaechoro.com.br/origem-do-violao-sua-historia-caracteristicas-curiosidades/


Vídeos Complementares:

As técnicas e estrutura dos violões confeccionados pelo Greg Smallman tem sido difundida pelo mundo à fora, onde muitos já apresentaram sua estrutura diferenciada. Assistam a estes vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=ENImGsolpIw

https://www.youtube.com/watch?v=VgzEQRYiYPc

https://www.youtube.com/watch?v=uGQFF7ixuaQ



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

VIOLÃO AMIGO

Mitos ou Verdades
Violão Nacional, ou Importado?
Como comprar um bom instrumento
Por: Clever Jatobá¹

Estes dias, navegando na internet, encontrei uma matéria que falava que as fábricas de violões brasileiras estavam fechando, virando importadoras, pois de fato seus instrumentos estavam sendo produzidos na China e que as empresas que ainda fabricavam instrumentos no Brasil tinham uma produção baixíssima.

Di Giorgio - Tárrega
A matéria era excelente. O colunista - Vitor Sorano - passeou entre as marcas brasileiras mais importantes, tais como, Di Giorgio, Del Vecchio, Giannini, Rozini e Rei dos Violões, dando um panorama bem lúcido acerca da produção de instrumentos musicais em nosso país. 

O ponto forte da matéria, a propósito, foi o fato de denunciar que a alta carga tributária e o peso dos encargos trabalhistas deixam os produtos brasileiros em extrema desvantagem com os produtos importados, mesmo diante da altíssima tributação dos importados. Esta realidade faz com que o mercado musical brasileiro opte por consumir instrumentos importados.

Bem, apesar de ficar sensibilizado com a matéria e revoltado com a situação das fábricas brasileiras de violões estarem fechando, vejo a situação por outra perspectiva, qual seja, a da qualidade.

Isso mesmo.

Acredito que a qualidade do produto pode ser o maior cartão de visitas para sua aceitação no mercado, bem como, o maior adversário, qual ocasiona a rejeição do público.

Até o início da década de 70 as fábricas de violões brasileiras mantinham um certo padrão de qualidade. Utilizava-se madeiras nobres e maciças em seus instrumentos, garantindo uma excelente qualidade sonora, mesmo pecando em acabamento e, às vezes, não tendo braços anatomicamente apropriados.

Ocorre, porém, que aos poucos a matéria prima foi ficando escassa, por conta do uso de madeiras de árvores em extinção, como o jacarandá e, assim, os instrumentos de madeira laminadas foram tomando o mercado. 

Aos poucos a qualidade sonora foi se perdendo e a produção de instrumentos descartáveis de baixíssima qualidade passou a tomar o mercado nacional, momento onde as fábricas brasileiras foram se perdendo, produzindo instrumentos que não afinavam bem e feitos sem parâmetros mínimos de qualidade sonora e estética passaram a ser a tônica das fábricas nacionais. 


Concomitantemente a isso, os instrumentos importados passaram a chegar ao Brasil, muitos deles já eletrificados, com um padrão de qualidade e acabamento infinitamente superior aos instrumentos fabricados no Brasil, fato que abalou o mercado nacional.

Inicialmente, foram os violões elétricos Ovation que caíram no gosto dos artistas brasileiros entre as década de 70/80. Porém, a caixa acústica de fibra arredondada, além de oferecer uma sonoridade muito peculiar, não era muito anatômico para valorizar a tocabilidade. 

Violão Ovation
Gibson - Chet Atckins

Foi na década de 80 que o mercado brasileiro passou a conhecer o melhor violão elétrico fabricado no mundo até aquela época. Trata-se do maciço Chet Atckins, da Gibson, instrumento que seduziu e conquistou todos os artistas do primeiro escalão da música popular brasileira, sendo usado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, João Bosco, Geraldo Azevedo, Fagner e tantos outros músicos pelo país à fora. 

O violão Chet Atckins, da Gibson tomou o mercado profissional, pois além da precisão na sua afinação, o circuito elétrico de altíssima qualidade capta cada corda individualmente, permitindo ao violão produzir uma sonoridade fantástica. Ademais, por ser todo maciço, sua eletrificação não permitia microfonia, nem qualquer falha de ressonância ou na frequência sonora.


Folk - Gibson
Ocorre, porém, que este violão, além de muito caro, por ter o corpo todo maciço, terminava sendo um instrumento muito pesado, mais pesado do que uma guitarra elétrica, motivo pelo qual foi aos poucos perdendo o mercado nacional.

Com o passar do tempo, marcas como Takamine, Gibson, Fender e Yamaha rapidamente tomaram o mercado com violões de cordas de aço, no modelo Folk, em versões acústicas e elétricas, oferecendo instrumentos com acabamento e afinação impecável, com uma sonoridade boa.


Takamine E-50 nylon
Vale ressaltar que estas marcas, além dos violões Folk de cordas de aço, também produziam bons instrumentos de corda de nylon. 

No segmento de violões de nylon, porém, a marca que mais se destacou no mercado musical, em face ao parâmetro da qualidade foi a Takamine, que confeccionava em série instrumentos de excelente sonoridade, obtida através da selecionada matéria prima utilizada, oferecendo precisa afinação, além de um excelente acabamento e a melhor captação e circuito elétrico do mercado profissional.


A virada do século trouxe uma nova febre para os violões elétricos que foi o chegada ao mercado dos violões Godin. Estes violões chegaram com um design próprio com uma linha de instrumentos maciços como o Chet Atckins, da Gibson, porém, mais leves e mais baratos, trazendo como novidade o braço mais fino (Slim) mais próximo das guitarras e as captações individualizadas e a placa MIDI com saída de 13 pinos.

Os violões Godin rapidamente caíram no gosto popular dos artistas brasileiros, sendo utilizado por vários artistas renomados. Assim outros modelos foram sendo lançados, de cordas de nylon e aço, inclusive versões semi-acústicos (não totalmente maciço) que conseguiu alcançar uma boa sonoridade, e com o braço na espessura dos violões clássicos, como o modelo Multiac Grand Concert, D-Amb.
Violão Godin - Multiac Grand Concert D-Amb
Ocorre, porém, que a crise na qualidade não ficou só a cargo dos produtos nacionais não. A utilização de matéria prima de qualidade termina por onerar o produto, gerando para as empresas - mesmo internacionais - a necessidade de criar linhas e séries de produtos mais baratos, quais, inevitavelmente, tem um abalo na sua qualidade, de modo que atualmente, a marca, por si só, não significa qualidade.

Neste contexto, além das grandes marcas passarem a confeccionar instrumentos mais populares, a competitividade do mercado internacional permitiu o surgimento de inúmeras marcas que confeccionam instrumentos mais baratos e que passaram a tomar conta do mercado musical amador e profissional.


Estive estes dias numa loja de instrumentos musicais no shopping para comprar um encordoamento para violão e lá chegando, encontrei um amigo que estava testando um violão para seu filho adolescente. Quando ele me viu, pediu minha opinião sobre o instrumento.


Enquanto eu o orientava, chegou perto um representante dos instrumentos Yamaha tentando influenciar na venda, quis me mostrar um dos seus violões. 

O violão era bonito, mas, quando testei... sem som. Caí na besteira de falar que o violão não tinha som e o representante da marca, querendo defender seu produto, trouxe outros instrumentos para que eu olhasse. Pense a surpresa... Pois é... Todos os violões são lindos, bem acabados, mas sem som...

Bem, fui testar eletrificado e aí o mesmo passou a responder. O circuito elétrico é impecável. Apresentou a qualidade sonora que faltava quando tocado acústico. Daí me restou uma constatação: O investimento na tecnologia do circuito elétrico serve para compensar a péssima qualidade do instrumento acústico produzido em série.

O problema é que o preço destes instrumento feitos em série são absurdamente caros e a grande maioria deles não são bons instrumentos. Ah... mas o violão "tal" é de uma super marca... Sim, e daí? Daí vale a constatação de que para instrumentos acústicos, a marca nos engana.

Para saber se o instrumento é bom, além de conhecer das madeiras utilizadas na sua confecção, verificando se são maciças ou não, faz-se necessário tocá-lo, senti-lo e buscar ter parâmetro de comparação sonoro.

Luthier Sérgio Abreu 1987
Não há enganação. A finalidade do instrumento é produzir som. Então, para saber se ele é bom ou ruim, basta comparar a sonoridade e não se iludir com o discurso da marca, ou a beleza do instrumento.

Muitas vezes, violões nacionais antigos, feitos em madeira maciça são infinitamente superiores aos belos instrumentos importados que atualmente encontramos no mercado.

Só para que se tenha ideia, tenho um violão Tranquilo Gianinni da década de 40, que faz um estrago. Isso mesmo, uma sonoridade absurda, com graves e agudos bem definidos e com um médio equilibrado, coisa que muitos violões importados de hoje em dia não os têm.

Sim, mas como é possível, atualmente, adquirir um instrumento de boa qualidade?

Bem, ciente de que a sonoridade do instrumento está condicionada às madeiras utilizadas nele, não adianta adquirir instrumentos laminados, mesmo de marca internacionalmente reconhecida. 


Luthier Edson Valêncio
O primeiro passo é adquirir um instrumento de madeira maciça. Depois, o segredo está em  buscar uma combinação de madeiras apropriadas à expectativa do músico.

Neste contexto, o melhor é buscar um Luthier que possa confeccionar o instrumento certo para a pretensão do músico, onde as madeiras, as dimensões e a estrutura sejam feita de acordo com os anseios do músico.

Vale sinalizar que o Brasil é um pais super rico em luthiers, tendo alguns famosos e outros não muito conhecidos, mas tão bons quanto os famosos, com preços bons que podem até concorrer com o preço dos instrumentos feito em série, mas com uma qualidade infinitamente superior.

Bem, pretendo, doravante, escrever esta coluna VIOLÃO AMIGO, onde poderemos tecer reflexões sobre instrumentos da nossa coleção pessoal, ou instrumentos que testamos ou já utilizamos, procurando sempre manter o compromisso com a nossa impressão pessoal, desatrelado de apelos comerciais e dos discursos lendários que não atestam a realidade.

Assim, não temos compromisso com marcas famosas ou com luthiers tido como lendas. Nosso compromisso é com a nossa real impressão, adotando parâmetros de comparações objetivos, vinculados ao som e à qualidade.


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¹ Clever Jatobá foi músico e cantor profissional, violonista formado em Música pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), proprietário de uma infinita e diversificada coleção de CDS, de LPs, K7, DVDs, além de colecionador de instrumentos musicais e estudioso da arte da luteria de violões.


Verão de 2016.